O doceiro bebia cevada
A cevada se sentia bebida pelo doceiro
O doceiro era mais doce quando bebia
E a cevada era mais cevada quando sorvida
O frescor da cerveja bebida não tem preço para o doceiro
Nem para ninguém...
É apenas cevada sorvida
O doceiro era mais sorridente quando bebia
Já quando vendia, fazia os outros de sorridente
Ao dispor de balas e beijos tão belos de contentes
O cervejeiro era docente quando ensinava a dor da vida de algum dia
Quem ouvia, via que o ensino era bebida experimentada doce
O doce do ensino era sentido extraído da vida sofrida
Da vida de um doceiro triste que de tão triste se doía.
A dor era uma espécie de amor dolorido da falta de Amanda
Amanda era a bebida que o doceiro bebia
Amava, de tão grande amor Amanda, que vendia doces e fazia o mundo mais doce.
Mas Amaro - esse era o nome do doceiro que bebia - sofria.
E era um sofrimento doce, um doce veneno que se ardia.
Só com um belo gole de cerveja que ele sorria.
Quando não bebia, ele apenas sentia a Amanda presa ainda em sua garganta.
Bebia para fazer Amanda descer para o fígado.
Mas Amanda nunca descia.
O doceiro, um dia, resolveu comer dos doces.
Nunca havia visto sentido nas guloseimas que vendia
E sentiu o perfume de Amanda
Então parou de beber.
Ficou um gordo que, Amandamente, se entregava aos prazeres do chocolate.
O doceiro então foi para terapia.
Lá percebeu que Amanda era um vagalume, que feito lantejoula, ainda brilhava em sua lapela ferida e disse:
“Eu lhe dei dos meus melhores dias”
Cansado da Amada, Amaro expurgou sua dor
E hoje ele voltou a beber. Dessa vez com uma mais pura alegria!
(cevadamente escrito por Sérgio Lízias)