Tuesday, August 08, 2006

Tempo das coisas

Tempo de partida
Tempo da bola
Tempo de ida
Tempo da volta

Tempo da música
Tempo da dúvida
Tempo de bater
Tempo de correr

Ganho tempo e com o tempo.
Logo eu, que a ninguém convenço
De que não quero paz,
Nem o que ficou para trás

Atrás de tempo,
De dinheiro,
Da metade ou do inteiro,
Do que ainda vem ou do primeiro.

Eu quero meu tempo e com o tempo.
Logo eu, que a ninguém convenço
De que quero rir de tudo,
Rir do começo e do fim do mundo.

Eu não rezo o quinto, o quarto nem o terço.
Eu não quero seu tempo nem dinheiro.
Eu não quero o liberto, o fraterno ou igualdade,
Nem rebanho, multidão ou caridade.

Eu quero meu tempo e com o tempo.
Logo eu, que a ninguém convenço
Que não quero humanos, quero gente.
Quero a queda, o apogeu e o que está entre.

Entreposto, entre linhas e entre as pernas
De uma, outra ou todas elas tão belas...
Indefesas ou armadas,
Perdidas ou achadas.

É desejo de tudo
Esse tempo de desejo:
O eterno retorno ao mundo
Do desejo que já veio.

Eterno retorno proibido
Do beijo roubado e bandido.
Dos fogos da ironia:
Escuridão à luz do dia.

“O dia de hoje acaba, mas e amanhã?”
Perguntou-se a cristã.

Querida, é assim mesmo. É o tempo da vida!
As coisas passam, assim como dia.
O tempo do acaso: eu desejo isso.
Sim, sem ensaio - a vida é ao vivo!