Bastante psicólogo
e um tanto filósofo.
Um pouco guitarrista,
Incansável piadista.
Um tanto viajante,
um tanto Crocodilo Dundee.
Um tanto luthier
E ainda tanto a ser...

O sabotador

Serrando grades da limitação,
Cortando a rede da expectativa alheia,
Atravessando a ponte do desejo da família,
Derrubando paredes da jaula do medo.

Ou apenas desviando do olhar inquisidor
(Se nem sentir que aquele olhar era pra ele),
Pulando a janela da casa cuja porta foi fechada –
Sem mesmo se importar que era no sétimo andar.

Ele deseja, tenta, experimenta.
Afirma que deseja,
Afirma que tenta,
Afirma que experimenta.

Prova, aprova, torce, contorce.
Vai, vem, foi, faz, desfaz, refaz,
E vê que o que ainda não foi
Não é mais que um pedaço do que pode vir a ser.

Quase sempre ele apenas dança com as coisas:
Ele dança com a chuva e não se molha.
Ele chama os corpos ressentidos pra dançar.
Mas quem sente, quer. Quem ressente, não dança.

Como uma lâmina, rasga o tecido,
O couro,
A pele
E o ar.

Sem fazer barulho.
Sem que ninguém sinta a dor.
E sem que ninguém perceba
Que ela já foi.