Saturday, April 11, 2009

Só para vocês lembrarem:

A luta

Não pode haver luta limpa.
Onde há “limpeza” não há luta.
Não pode haver iguais.
Onde há iguais não há luta.

Não há luta suja.
Não há lutadores sujos.
Não há sujeira nas armas –
Pelo menos até a luta começar...

O sangue movido com medo por um coração covarde
Ou já morto na ponta da baioneta do forte,
Que fica na grama dos campos verdes
Ou no deserto de veias duras: o sangue do fraco.

O sangue ardente que corre nas veias ou no campo de batalha
Empurrado com vigor pelo coração, tão vermelho, tão vivo,
Tão desejoso e ardente por vida e luta.
O sangue mais vermelho: o sangue do forte.

No sangue forte só há luta e vontade.
Vontade de mais vontade.
E não há finalidade na vontade.
Ela é o começo o meio e o fim.

Fim este que não existe –
A vontade sempre retorna,
A luta sempre retorna
E torna o forte mais forte.

O sangue dos vivos quer que o sino os alerte
Para a batalha da vida e nesta vida!
O sangue dos mortos quer descansar em paz
Neste mundo ou em outro que nunca viram.

Os de sangue quente querem todas as badaladas,
Todos os acordes, todos os sons e prestíssimos!
Os de sangue morto querem que o sino apenas os avise
Que o tempo passou, que a vida passa e que a morte se aproxima.

A luta – esta que nunca pára –
É desejada pelo forte e renegada pelo fraco.
A luta – esta que não teve começo –
Separa os de sangue vivo dos de sangue de areia.

E a luta é a própria vida lutando para viver,
Para separar,
Para definir
E para celebrar a vida.