Sunday, May 28, 2006

O doceiro e a cerveja

O doceiro bebia cevada
A cevada se sentia bebida pelo doceiro
O doceiro era mais doce quando bebia
E a cevada era mais cevada quando sorvida

O frescor da cerveja bebida não tem preço para o doceiro
Nem para ninguém...
É apenas cevada sorvida
O doceiro era mais sorridente quando bebia
Já quando vendia, fazia os outros de sorridente
Ao dispor de balas e beijos tão belos de contentes

O cervejeiro era docente quando ensinava a dor da vida de algum dia
Quem ouvia, via que o ensino era bebida experimentada doce
O doce do ensino era sentido extraído da vida sofrida
Da vida de um doceiro triste que de tão triste se doía.

A dor era uma espécie de amor dolorido da falta de Amanda
Amanda era a bebida que o doceiro bebia
Amava, de tão grande amor Amanda, que vendia doces e fazia o mundo mais doce.
Mas Amaro - esse era o nome do doceiro que bebia - sofria.
E era um sofrimento doce, um doce veneno que se ardia.
Só com um belo gole de cerveja que ele sorria.
Quando não bebia, ele apenas sentia a Amanda presa ainda em sua garganta.
Bebia para fazer Amanda descer para o fígado.
Mas Amanda nunca descia.

O doceiro, um dia, resolveu comer dos doces.
Nunca havia visto sentido nas guloseimas que vendia
E sentiu o perfume de Amanda
Então parou de beber.

Ficou um gordo que, Amandamente, se entregava aos prazeres do chocolate.
O doceiro então foi para terapia.
Lá percebeu que Amanda era um vagalume, que feito lantejoula, ainda brilhava em sua lapela ferida e disse:
“Eu lhe dei dos meus melhores dias”

Cansado da Amada, Amaro expurgou sua dor
E hoje ele voltou a beber. Dessa vez com uma mais pura alegria!

(cevadamente escrito por Sérgio Lízias)

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Valeu, Sérgio, gostei muito do que você escreveu. Avisa quando sobre essa roda de poesia lá no instituto. Vou como ouvinte, já que não tenho esse mesmo talento que você e o Rafael....hehehe...abração

4:14 PM  

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